IMPACTES AMBIENTAIS DO SECTOR DA CONSTRUÇÃO

De entre eles, salientam-se:

• a produção de resíduos;
• o consumo de energia,;
• emissões de CO2 e consumo de recursos naturais.

Segundo a Agenda 21 para a Construção Sustentável, só durante a fase de construção são consumidos cerca de 50% dos recursos naturais, produzidos mais de 50% dos resíduos, consumida mais de 40% de energia (nos países industrializados, sendo em Portugal cerca de 20% da energia total do país) e produzidas cerca de 30% das emissões de CO2.

REALIDADE PORTUGUESA

Em Portugal, 28% da energia consumida e 59% da eletricidade gasta (DGEG, 2003), verifica-se na utilização dos edifícios (atinge valores mais elevados se nos referirmos só aos grandes centros urbanos), estando por isso na base das emissões de CO2 e outros poluentes que afetam negativamente o ambiente. Grande parte desta energia refere-se aos sistemas de climatização, na maioria das vezes elétricos, aplicados no interior dos edifícios para lhes proporcionar conforto.

Numa fase em que Portugal se situa numa posição de incumprimento dos objetivos a que se comprometeu no âmbito do Protocolo de Quioto – atendendo a que, Portugal tinha permissão para aumentar as suas emissões de gases com efeito de estufa em 27%, em relação a 1990, e estava em 2004, 41,5% acima – surge a necessidade de uma alteração de comportamentos e hábitos a vários níveis.

Salienta-se ainda o facto de 90% da energia consumida em Portugal ser importada (DGEG 2004). Porém, outros fatores, como a destruição da camada de ozono, a perda do habitat selvagem e da biodiversidade, os níveis de poluição cada vez mais elevados, a desertificação e abate de florestas e os níveis crescentes de dióxido de carbono, que fazem parte do nosso quotidiano, alertam para a imperatividade do desenvolvimento da sociedade se processar num sentido mais sustentável

Um outro recurso que devemos preservar é a água. No que se refere a este consumo, Portugal é o país do Mediterrâneo que mais água consome anualmente, com 1.212 metros cúbicos por habitante, revela um relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, 2006).

COMO DEVEMOS PROJECTAR OS NOSSOS EDIFíCIOS

Se projetarmos os nossos edifícios considerando estas preocupações a montante, obteremos edifícios mais eficientes na sua fase de utilização. Contemplar no desenho soluções passivas de captação de energia, tirando partido da orientação solar, prever áreas adequadas de envidraçados, colocar sombreamento para evitar ganhos térmicos desnecessários e uma correta aplicação do isolamento nas paredes exteriores (envolvente) dos edifícios, são alguns dos exemplos que poderão reduzir o consumo de energia a jusante.

Prever a aplicação de soluções construtivas e materiais de construção em edifícios que promovem também a poupança de água podem, de acordo com o Programa Nacional para o uso Eficiente da Água, 2004, atingir reduções de consumo deste recurso na ordem dos 60%.

No que respeita aos materiais de construção, a utilização de materiais mais sustentáveis, de origem natural e local, com baixo valor de energia incorporada (energia despendida desde a extração da matéria-prima até á forma final do material apto a ser utilizado), reutilizáveis e/ou recicláveis é também recomendado.

Por último, contemplar planos adequados de gestão e controle durante a obra de forma a minimizar desperdícios de recursos, consumos energéticos desnecessários e promover uma correta execução de obra é outra medida.

RESULTADOS DE UMA ARQUITECTURA MAIS SUSTENTáVEL

Um projeto de Arquitetura que respeite as premissas de sustentabilidade, obterá ao longo da sua vida útil benefícios tanto ambientais, como económicos e inerentemente sociais. O que significa edifícios eficientes a vários níveis. São menos consumidores no que se refere aos consumos de energia e água e com menos necessidades de manutenção, por optarem por soluções construtivas duradouras controladas e fiscalizadas durante a execução da obra.

Estes princípios promovem a redução de emissões de CO2 para a atmosfera, a redução de consumo de um recurso cada vez mais escasso: a água e a otimização dos materiais de construção e soluções construtivas, o que é, inevitavelmente, uma enorme contribuição para um ambiente mais saudável.