Projecto Edifício Verde – Sede Nacional da Quercus A.N.C.N.

O Projecto Edifício Verde – Projecto demonstrativo de construção sustentável, foi criado e implementado na Quercus pela Arquitecta Aline Guerreiro que, enquanto voluntária da Associação, conseguiu que fosse cedido à Quercus um edifício para reabilitar que permitisse a demonstração do conceito de CONSTRUÇÂO SUSTENTÁVEL.

É com base neste conceito que é desenvolvido todo o projecto.

O edifício a reabilitar foi cedido pela Refer e trata-se da estação ferroviária de Sacavém, composto por 4 edifícios, sendo que um deles se manteve propriedade da Refer. O projecto de Arquitectura para reabilitação sustentável dos restantes 3 edifícios, desenvolve-se com base em tecnicas passivas e activas de minimização do consumo de energia de modo a ser eficiente no que a este consumo diz respeito. Esta proposta de projecto de Arquitectura, é ainda alargada à economia do recurso água e aplicação de materiais de construção sustentáveis.

Projecto Edifício Verde – Edifício 1

Localização: Sacavém (Lisboa)
Tipo de construção: Reabilitação
Área de implantação: 140 m2
Arquitectura: Aline Guerreiro

Este edifício apresenta uma estrutura comum ás construções deste século, com paredes exteriores de 50 cm de espessura em pedra. Era neste edifício, contíguo á linha, que ficava a sala de espera e as bilheteiras. Só as paredes exteriores são resistentes, sendo a interiores em tabique de madeira e de 8 cm de espessura.

O edifício 1, onde se situavam as bilheteiras e sala de espera, está fechado desde 1999. Foi decidido para esta local instalar uma sala de reuniões, postos de trabalho, uma sala de videoconferência e instalações sanitárias, com acesso a pessoas com mobilidade reduzida. Pelo que são acessíveis pelo exterior.

As paredes em bom estado de conservação, apenas a necessitar de novo reboco interior e exterior, serão mantidas. No interior deste edifício é aplicado isolamento em cortiça. É aplicado no interior de forma a não descaracterizar o exterior.

Por ter sido fechado na sua orientação nascente e aqui não possuir qualquer envidraçado, foi necessária a aplicação de isolamento. As janelas e portas da parede contígua á linha ferrea, serão fechadas, com parede de tijolo em adobe de modo a lhe conferir massa térmica e uma placa de aglomerado negro de cortiça, contudo, mantendo pelo exterior, as portas e janelas existentes, de forma a não desqualificar nem descaracterizar o edifício, que conserva assim o seu traçado original.
A sua classificação energética é A.

Projecto Edifício Verde – Edifício 2

Localização: Sacavém (Lisboa)
Tipo de construção: Reabilitação
Área de implantação: 70 m2
Arquitectura: Aline Guerreiro

Este edifício apresenta uma estrutura comum ás construções deste século, com paredes exteriores de 50 cm de espessura em pedra. Fora outrora dedicado ao alojamento temporário de trabalhadores e será intrevencionado o menos possível, nas suas divisões interiores. Por uma questão de layout, será apenas alterada uma das paredes interiores, mantendo-se as restantes em tabique.

Este edifício, está fechado desde 1999. Foi decidido para esta local instalar o secretariado da direcção nacional, com um gabinete para a direcção / sala para pequenas reuniões; um gabinete para o secretariado; um Openspace para 6 postos de trabalho; uma Sala de logística; uma Kitchnet de apoio e instalações sanitárias.

Por este possuir um pé direito elevado, será aproveitado o desvão do telhado, para uma área de trabalho, para sensívelmente 4 a 6 postos.

Toda a estrutura a ser construída de novo, será em madeira proveniente de florestas sustentáveis. A estrutura em madeira, onde assenta o pavimento do piso superior, é suportada pela estrutura de divisórias interiores e pilares em madeira necessários á sua estabilidade.

É interrompida sempre que encontra um vão exterior de modo a facilitar a ventilação e iluminação natural através dos vãoes existentes.

A ligar os dois pisos, será recuperada uma escada de ferro, em caracol, outrora pertencente á estação de Caxias, e que se encontra desactivada em armazém, reutilizando assim este elemento na sua funcionalidade original.

O soalho do piso 0 será recuperado, substituíndo apenas as tábuas necessárias ao bom comportamento do pavimento. O pavimento do piso superior será em madeira.

De acordo com o sistema de certificação energética a sua classificação é A

Projecto Edifício Verde – Edifício 3

Localização: Sacavém (Lisboa)
Tipo de construção: Nova
Área de implantação: 244 m2
Arquitectura: Aline Guerreiro

Este edifício, não apresenta condições para reabilitação. As paredes exteriores são construidas em tijolo de cimento, de fraca inércia termica e com graves patologias, no que se refere á sua estabilidade e resistencia mecânica, pelo que deverá ser desconstruído, com especial atenção á cobertura que, em placas de fibrocimento contém amianto.

Estes cais eram característicos por serem em madeira, com uma cobertura ventilada, pois, serviam para armazenar mercadoria, que aguardava o encaminhamento a outros destinos.

Foi então pensada uma solução de arquitectura que trouxesse a este cais, já descaractrizado por ter sido, entretanto, reconstruído em blocos de betão, a imagem de outrora. Revestindo-o a madeira.

A estrutura a construír será assim, em madeira e as paredes exteriores em blocos de adobe maciço, de 11,5 cm de espessura, com isolamento pelo exterior em aglomerado negro de cortiça, de 8 cm, revestidas a medeira, proveniente de florestas sustentadas.

Toda a cobertura será revestida a paineis fotoviotaicos, para produção de energia eléctrica, para vender á rede. Pretende-se produzir toda a energia necessária ao bom funcionamento do edifício.

O acabamento interior de paredes será em reboco fino e juta (sarapilheira) – material natural – colocada nas juntas, onde o adobe encontra a estrutura, para prevenir fissuras. As divisórias interiores serão como descrito para os Edifícios 1 e 2.

Contudo, por se tratar de um edificio que irá albergar, espaços importantes a este projecto, não só pelas funções que implicam visitantes exteriores em momentos especiais, seja para congressos, conferencias, exposições ou outros, ou ainda para ali ficaram alojados, como pela actividade a ser desenvolvida diariamente, pensou-se numa solução de parede em adobe, de 11,5 de expessura, com isolamento em placas de aglomerado negro de cortiça, de 8 cm, revestida a madeira proveniente do florestas nacionais e sustentadas, pelo exterior.

A implantação respeitará integralmente a implantação existente e será construído sobre caixa de ar, como haveria sido construído o edifício anterior.

A revestir a cobertura, que assenta sobre estrutura de madeira e placas de isolamento em aglomerado negro de cortiça, não serão utilizadas as telhas cerâmicas, mas sim dar-se-á o aproveitamento deste espaço para a colocação de painéis fotovoltaicos, com a dupla função, a de revestimento e a de produção de energia eléctrica para vender á rede.

A fachada contígua á linha, a nascente, será fechada do mesmo modo, como se fez no edifício 1, mantendo os portões existentes e que serviam o cais. Vai apenas deixar-se pequenas aberturas para ventilar as casas de banho.

A Norte ficará localizado o auditório, sem vãos para o exterior e a Sul o alojamento e salas de trabalho. É nesta fachada que se utilizam sistemas passivos para aquecimento na estação de Inverno, e arrefecimento na estação de Verão.

No alojamento, piso superior, optou-se por paredes de trombe, não ventiladas de modo a libertarem o calor acumulado durante o dia, durante a noite, hora a que os quartos poderão ser habitados.

Já na sala de trabalho a Sul, optou-se por paredes de Trombe ventiladas, o muro interior possui orifícios superiores e inferiores, de modo a que se verifique o ciclo convectivo do ar: o ar entre o vidro e o muro é aquecido, sobe e arrasta consigo o ar frio que é sugado ao interior do edifício, pelo orifício inferior. É então. depois de aquecido, libertado para o interior do edifício, climatizando a sala de trabalho na estação fria, de forma natural.

Tanto as paredes de trombe ventiladas, como as não ventiladas, serão desactivadas na estação de Verão, através de um estore exterior que as cobre. Deverão ser também desactivadas durante a noite, para evitar perdas térmicas.

De acordo com o sistema de certificação energética a sua classificação é A.