Monte Lopes – Turismo de Natureza / Alojamento Local

Existente:

Localização: Monte Lopes. freguesia de Malpica do Tejo, Castelo Branco
Tipo de construção: Obras de Requalificação
Área de implantação:349,25 m2
ABC: 430,55 m2
Arquitetura: Aline Guerreiro

O presente projeto refere-se ao melhoramento das condições de todo o edifício a nível geral (presentemente sem condições de habitabilidade) de forma a este se tornar num alojamento de hóspedes enquadrados na atividade de alojamento local, para disfrute de atividades ligadas ao turismo de natureza.

Nesta propriedade existe um edifício em pedra de região ao qual, foi acrescentada uma construção em tijolo. Será requalificado e reaproveitado o edifício em pedra, que consta na volumetria final do projeto.

Proposta:

Todo este projeto foi concebido considerando sempre a preservação da paisagem rural do lugar, respeitando as tradições arquitetónicas e construtivas da região, dando preferência aos materiais originalmente disponíveis e comumente considerados na sua edificação.

Assim, conta a Norte com uma superfície que “emerge” do terreno do mesmo lado, numa cobertura ajardinada. A sua volumetria de 1871,403 é de forma simples, de proporções e escala relacionadas com a dimensão humana. Possui vãos envidraçados para o exterior na orientação sul e na orientação sudeste – esta última diz respeito ao edifício existente em pedra.

A orientação do objeto desenhado a sul é propositada, mantendo a privacidade e o aproveitamento de toda a vista da envolvente. As paredes exteriores ficarão alternadas em madeira à vista e em acabamento em cortiça à vista, materiais que se enquadram na envolvente. Todo o edifício será convenientemente isolado em aglomerado de cortiça, material da região.

Já a parte do edifício que se irá conservar em pedra, manterá tanto quanto possível a sua alvenaria de pedra em xisto da região, adicionando-lhe o devido isolamento, neste caso pelo interior, também em aglomerado de cortiça.

Todo o trabalho de isolamento foi realizado com vista à obtenção de classificação A+ referente à classificação energética do conjunto.

É no piso 0 que se desenvolve toda a distribuição do proposto. Divide-se em 5 alojamentos, dotados cada um de zona de dormir e zona de estar. A zona de estar pode acomodar duas pessoas em cada um dos alojamentos. Quatro deles possuem lareira, sendo que apenas um não conta com esta. Três deles possuem o aproveitamento do pé direito, numa área intermédia habitável. Este piso intermédio em cada um destes 3 alojamentos possibilita o acomodamento de mais 2 pessoas. Sendo assim, 3 alojamentos estão adequados a receber uma família de 4/6 elementos e os outros dois, serão mais adequados a 2/4 pessoas.

A entrada principal do edifício far-se-á a oeste, para um corredor comum às entradas dos alojamentos. Os três primeiros alojamentos contam na parede exterior voltada a sul, com paredes de Trombe* dimensionadas de forma a produzirem calor no inverno e a serem desativadas no verão, e funcionam em termos de climatização de forma completamente bioclimática.

Toda a distribuição interna foi concebida tirando o melhor partido da luz natural, privilegiando aberturas de vãos. Os wc completos são ventilados naturalmente, através de janelas para o exterior e as circulações internas são amplas e espaçosas. Existem pequenos wc de apoio social, nos alojamentos maiores que serão ventilados através ventilação forçada, de acordo com o projeto de especialidades.

*parede de Trombe
parede de grande inércia térmica, com grande capacidade para armazenar calor. Para além da parede existe uma caixa de ar e um vidro, para que se forme um espaço altamente aquecido (através da radiação solar que atinge o vidro) aumentando assim a quantidade de calor a ser armazenada pela parede. Esta energia acumulada é depois radiada diretamente para o interior do edifício a partir da outra face da parede.
Para que este aquecimento passivo funcione em pleno, a parte que constitui o envidraçado do conjunto, terá de ser orientado a sul. Importa frisar, que este sistema só funciona para a estação fria (aquecimento) sendo obrigatoriamente desativado na estação quente, através de palas de sombreamento que impeçam a radiação solar de atingir o envidraçado, ou através de sombreamentos ou persianas exteriores, que tapem o vidro, completamente.