Moradia em S. Brás de Alportel
Localização: S. Brás de Alportel
Tipo de construção: Nova
Área de implantação: 200 m2
ABC: 275,0 m2
Arquitectura: Aline Guerreiro
O terreno de 2550m2 está inserido numa zona rural e foram invocadas razões no pedido de Informação prévia que este Município considerou ponderosas, informando que não vê inconveniente na construção de uma moradia Unifamiliar desde que a superfície de pavimento da mesma não ultrapasse 200m2 e que sejam mantidas as características regionais da arquitetura envolvente.
A referida moradia Unifamiliar, conta assim com uma superfície de pavimento de 200m2 de área, com um único piso acima da cota de soleira e um em cave, abaixo da cota de soleira, de 154 m2 de área, respeitando o descrito. Todo este projeto foi concebido considerando sempre a preservação da paisagem rural do lugar, respeitando as tradições arquitectónicas e construtivas da região, dando preferência aos materiais originalmente disponíveis e comummente considerados na sua edificação.
Assim, a sua volumetria de 1080m3, é de forma simples, de proporções e escala relacionadas com a dimensão humana. Possui vãos para o exterior na maioria dos casos rectangulares, dispostos de forma equilibrada e ritmada. A sua orientação a Sudeste conta com um alpendre sob a cobertura da edificação, que será constituído por uma estrutura de madeira apoiado em pilares do mesmo material e de alvenaria. O lado Sul conta com uma pala de proteção solar, para que se retire partido do Sol no Inverno, e se proteja deste no Verão. As paredes exteriores são em reboco estanhado de cor branca de forma a conferir-lhes reflexão de calor e uma forte luminosidade ao edifício. O muro de envolvente é em pedra solta da região que acompanha o declive natural do terreno.
Pretendeu-se neste projeto que houvesse uma separação vincada da área social da moradia da área privada. Toda a distribuição interna foi concebida tirando a melhor partida da luz natural, privilegiando aberturas de vãos. Todos os w.c.s, são ventilados naturalmente, através de janelas para o exterior e as circulações internas são amplas e espaçosas.
A opção construtiva adoptada para as paredes exteriores é a parede dupla por se tratar de um sistema construtivo tradicional que possibilita a utilização de tijolo cerâmico a compor os panos interior e exterior. Entre os panos existe uma caixa-de-ar, parcialmente preenchida com isolamento térmico em aglomerado de cortiça, aplicado junto ao pano interior da parede.
Para melhor proteger a parede que entra em contacto com o ambiente interior da habitação. As regras de boa arte impõem que a caixa-de-ar possua uma caleira com declive suficiente para encaminhar a água para um sistema de drenagem assim como aberturas para arejamento. Em relação aos revestimentos, o exterior é impermeável à água mas bastante permeável ao vapor de água, para evitar a condensações no interior da parede. Foi tido especial cuidado a nos pontos onde a transmissão térmica é facilitada, pontos esses que, principalmente no Inverno ficam mais frios e onde surgem condensações e as complicações associadas. Para tal, foi previsto, conforme desenho de pormenor um isolamento pelo exterior dos pilares, vigas e lajes. A este isolamento dá-se o nome de “forra térmica”.
Importa frisar que o presente projeto foi elaborado tendo exclusivamente em vista, não só a valorização do terreno como espaço de lazer e manutenção da paisagem, mas também a não desqualificação do ambiente bucólico e rural existente, que se pretende manter, e que foi também um objectivo da Exma. Câmara Municipal de S. Bras de Alportel.
